Salário minimo: pão e café

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O Pasquim, há mais de 30 anos, quando um cidadão chamado Mario Henrique Simonsen decretou o valor do novo salário mínimo em Cr$ 76,80.



O mestre começou com três explicações.

1 - O Pasquim era o único jornal que debochava de tudo e de todos, em plena ditadura militar. Foi uma espécie de avô do Casseta e Planeta, só que numa época em que fazer piada sobre o governo, em vez de dar audiência, dava cadeia.

2 - Mario Henrique Simonsen, brilhante professor de Economia, era o ministro da Fazenda. Uma espécie de Palocci ou Mantega, com muito mais poder.

3 - Cr$ (cruzeiros) era a moeda da época. "É a única coisa como hoje: não valia nada, igual ao real" - comparou o mestre.

E continuou a história. Quando o salário mínimo foi decretado em Cr$ 76,80, todos se perguntavam, à época, porque este número cabalístico e não Cr$ 80,00 redondos. Ou, pelo menos, que fossem 77 cruzeiros.

O Pasquim então publicou, na capa, uma charge do ministro Simonsen, diante de um quadro negro cheio de cálculos, dizendo: " Vou explicar como foi definido o valor do salário mínimo".

Em página interna, o jornal apresentava os cálculos: "preço de um cafezinho: Cr$ 0,12; pãozinho francês: Cr$ 0,04; uma pessoa normal vive bem tomando um cafezinho e comendo um pãozinho (sem manteiga), quatro vezes por dia; portanto: 0,12 + 0,04 x 4 = Cr$ 0,64; uma família tem, em média, 4 pessoas; logo: 0,64 x 4 = Cr$ 2,56".

Ao lado, na mesma página, mais explicações: "o mês tem 30 dias (isto, até quem ganha salário mínimo sabe); assim: 2,56 x 30 = Cr$ 76,80; logo, o salário mínimo tinha que ser de Cr$ 76,80".

Nem mais, nem menos. Será que esta "explicação" serviria para justificar os R$ 415 do salário mínimo de hoje?